“À conversa com Mónica Mota Lopes”: Pequenos gestos fazem grandes diferenças
“À conversa com Mónica Mota Lopes”:
Pequenos gestos fazem grandes diferenças
A obra “Pequenos Gestos, Grandes Diferenças”, de Mónica Mota Lopes, esteve no centro de uma animada conversa que a autora manteve com os alunos dos 2.º, 3.º e 4.º anos do Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca.
No âmbito da iniciativa “À conversa com…”, promovida pela Biblioteca Escolar, em articulação com o Departamento do 1.º Ciclo, a jornalista e escritora partilhou com os mais novos alguns dos desafios que os seis contos do livro colocam, inspirando-os a uma atitude positiva e facilitadora do bem-estar pessoal.
“Desde o bullying, passando pela capacidade de superar desafios e pelo enaltecimento das capacidades de cada um de nós”, até à autoestima e à persistência na concretização dos nossos sonhos e do nosso projeto de vida, a interação explorou todos estes temas, num registo sempre muito próximo e produtivo, com a escritora a responder às questões colocadas pelos participantes.
Num apelo permanente ao desenvolvimento pessoal e social, a conversa com Mónica Mota Lopes revelou-se um excelente exercício de cidadania, de promoção da autoestima e de valorização da diferença.
Recorde-se que, por ocasião do Natal, os alunos dos 2.º, 3.º e 4.º anos do Agrupamento de Escolas haviam sido presenteados pela Câmara Municipal de Ponte da Barca com um exemplar de “Pequenos Gestos, Grandes Diferenças”, pelo que grande parte dos participantes já havia lido a obra, situação que enriqueceu a interação com a autora.
Biblioteca Escolar
Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 14
Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 14
Despedidas em Belém: “Por perdidos as gentes nos julgavam…”
[…] Em tão longo caminho e duvidoso
Por perdidos as gentes nos julgavam,
As mulheres cum choro piadoso,
Os homens com suspiros que arrancavam.
Mães, Esposas, Irmãs, que o temeroso
Amor mais desconfia, acrecentavam
A desesperação e frio medo
De já nos não tornar a ver tão cedo.
Qual vai dizendo: – «Ó filho, a quem eu tinha
Só pera refrigério e doce emparo
Desta cansada já velhice minha,
Que em choro acabará, penoso e amaro,
Porque me deixas, mísera e mesquinha?
Porque de mi te vás, o filho caro,
A fazer o funéreo encerramento
Onde sejas de pexes mantimento?»
Qual em cabelo: – «Ó doce e amado esposo,
Sem quem não quis Amor que viver possa,
Porque is aventurar ao mar iroso
Essa vida que é minha e não é vossa?
Como, por um caminho duvidoso,
Vos esquece a afeição tão doce nossa?
Nosso amor, nosso vão contentamento,
Quereis que com as velas leve o vento?»
[…] Nós outros, sem a vista alevantarmos
Nem a mãe, nem a esposa, neste estado,
Por nos não magoarmos, ou mudarmos
Do propósito firme começado,
Determinei de assi nos embarcarmos,
Sem o despedimento costumado,
Que, posto que é de amor usança boa,
A quem se aparta, ou fica, mais magoa.
Luís de Camões, “Os Lusíadas”, IV, 89-91; 93
Ainda a propósito dos 500 anos da morte de Vasco da Gama, que ocorreu no último dia 24 de dezembro, impõe-se uma breve visita à grandeza heroica do seu feito como capitão-mor da armada que, pela primeira vez, ligou a Europa à Índia.
Comecemos pela partida, a 8 de julho de 1497, um sábado. Uns cento e setenta homens, entre soldados e marinheiros, aparelharam “a alma pera a morte” (IV, 86), comungando e pedindo a proteção de Deus, e, depois, dirigem-se em procissão da capela de Nossa Senhora de Belém para os batéis, que os conduziriam às três caravelas.
“A gente da cidade” (IV, 88) enche o areal, num ambiente tenso e sombrio. São as despedidas de quem parte “pera buscar do mundo novas partes.” (IV, 85).
“Por perdidos as gentes nos julgavam” – diz Vasco da Gama. E, entre a dor mais atroz, surgem
“As mulheres cum choro piadoso,
Os homens com suspiros que arrancavam.
Mães, Esposas, Irmãs, que o temeroso
Amor mais desconfia, acrecentavam
A desesperação e frio medo
De já nos não tornar a ver tão cedo.”
Neste ambiente na Praia das Lágrimas, como lhe chamavam à época, Vasco da Gama, para evitar males maiores, toma uma decisão:
“Determinei de assi nos embarcarmos,
Sem o despedimento costumado.”
Mas este é apenas o peso inicial. Com a viagem no alto-mar, surgiam os enjoos, a ansiedade e o pânico do desconhecido, novos climas e doenças assustadoras, fenómenos naturais tenebrosos, tempestades, “naufrágios, perdições de toda a sorte” (V, 44). E também a fome e a sede e os encontros e desencontros com os povos indígenas e os ataques e outros acidentes…
No canto V, Vasco da Gama resume ao rei de Melinde – e a cada um de nós – todos estes tormentos:
“Ora imagina agora quão coitados
Andaríamos todos, quão perdidos,
De fomes, de tormentas quebrantados,
Por climas e por mares não sabidos!” (V, 70)
A viagem da armada de Gama até Calecute constitui um marco histórico, com um notável impacto aos mais diversos níveis. Mas teve um preço muito elevado, nomeadamente, em termos humanos.
Num tom épico-lírico, Fernando Pessoa imortalizaria, em pleno século XX, a grandeza de toda esta gesta com o poema “Mar Português” (in “Mensagem”):
“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.”
Vale a pena ouvir – e cantar – este poema, acompanhando Mafalda Arnauth e os “Milladoiro”. O tema faz parte do álbum "A Quinta das Lágrimas" (2008).
A Organização
Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 13
Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 13
“Mandas-me, ó Rei, que conte…”
Prontos estavam todos escuitando
O que o sublime Gama contaria,
Quando, despois de um pouco estar cuidando,
Alevantando o rosto, assi dizia:
– «Mandas-me, ó Rei, que conte declarando
De minha gente a grão genealogia;
Não me mandas contar estranha história,
Mas mandas-me louvar dos meus a glória.
Que outrem possa louvar esforço alheio,
Cousa é que se costuma e se deseja;
Mas louvar os meus próprios, arreceio
Que louvor tão suspeito mal me esteja;
E, pera dizer tudo, temo e creio
Que qualquer longo tempo curto seja;
Mas, pois o mandas, tudo se te deve;
Irei contra o que devo, e serei breve.
Além disso, o que a tudo, enfim, me obriga
É não poder mentir no que disser,
Porque de feitos tais, por mais que diga,
Mais me há de ficar inda por dizer.
Mas, porque nisto a ordem leve e siga,
Segundo o que desejas de saber,
Primeiro tratarei da larga terra,
Despois direi da sanguinosa guerra. […]»
Luís de Camões, Os Lusíadas, III, 3-5
É neste início do canto III que o “sublime Gama” assume o papel de narrador, contando – ou melhor, cantando – ao rei de Melinde a História de Portugal e da viagem, de que ele próprio era o “valeroso capitão”.
Neste porto seguro do Índico, Vasco da Gama trata primeiro “da larga terra”, em seguida, da “sanguinosa guerra” e, por fim, da viagem da sua armada, desde Belém até Melinde, onde se encontram, dando corpo aos cantos III, IV e V.
O herói de “Os Lusíadas” é “o peito ilustre Lusitano / a quem Neptuno e Marte obedeceram” (I, 3). Mas o acontecimento maior que serve de eixo a toda a narração é a viagem de Vasco da Gama (1469-1524), que, “por mares nunca de antes navegados” (I, 1), deu novos mundos ao mundo, ao chegar a Calecute, na Índia, a 20 de maio de 1498, na mais longa viagem oceânica até então realizada.
Não deixa de ser curioso que esta figura central da epopeia tenha morrido, precisamente, no ano em que Camões nasceu. Foi a 24 de dezembro de 1524 – fez no dia de Consoada 500 anos – que faleceu em Cochim, na Índia, onde desempenhava o cargo de vice-rei.
Umas quatro décadas e meia depois, os Gama e Camões voltam a cruzar-se, quando o poeta preparava a publicação de “Os Lusíadas”, obra que imortalizaria, entre outros, os feitos do “valeroso capitão”.
Procurando um mecenas para a impressão do livro, Isabel Rio Novo escreve que Camões, “segundo todas as probabilidades, foi primeiro bater às portas da família Gama. […] Mas os Gama não atenderam o seu pedido.” A este propósito, a autora recorda ainda que o “biógrafo inglês Richard Burton evocava uma anedota, segundo a qual, numa altura em que alguém citara ‘Os Lusíadas’ como honrando o nome dos Gama, um descendente do descobridor tinha exclamado: ‘Temos os títulos e não queremos os elogios.’”
Enfim! Razão tinha o poeta para lamentar, no final do canto V, que “quem não sabe arte não na estima” (V, 97), criticando os seus contemporâneos, porque desprezavam as letras, a arte em geral.
Mais: os Portugueses são “tão ásperos”, “tão austeros, / tão rudos e de engenho tão remisso” (V, 98), que nem se preocupam minimamente com esta sua pobre condição.
Pois… Era assim, há 500 anos!
A Organização
Bibliografia: Isabel Rio Novo, “Fortuna, Caso, Tempo e Sorte – Biografia de Luís Vaz de Camões”, Lisboa, Contraponto, 2024, p. 460.
Dezembro... Um Mês Especial!
Dezembro... Um Mês Especial!
Partilhamos o registo de alguns momentos que demonstram o espírito natalício da nossa escola.
Um agradecimento especial aos alunos, professores e assistentes operacionais que diretamente se envolveram no espírito natalício e tornaram possível todos estes momentos!
Um Feliz Natal para todos!
Daniela Pereira
Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 12
Camões: Embarca Engenho e Arte – Edição 12
Camões: Embarca Engenho e Arte – “Dos Céus à terra desce a mor beleza”
Dos Céus à terra desce a mor beleza,
Une-se à carne nossa e fá-la nobre;
E, sendo a humanidade dantes pobre,
Hoje subida fica à mor alteza.
Busca o Senhor mais rico a mor pobreza
Que, como ao mundo o seu amor descobre,
De palhas vis o corpo tenro cobre,
E por elas o mesmo Céu despreza.
Como Deus em pobreza à terra desce?
O que é mais pobre tanto lhe contenta
Que só rica a pobreza lhe parece.
Pobreza este Presépio representa.
Mas tanto, por ser pobre, já merece
Que quanto é pobre mais, mais lhe contenta.
Luís Vaz de Camões, “Lírica Completa II. Sonetos”, prefácio e notas de Maria de Lurdes Saraiva, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1980, pp. 286-287.
A poucos dias da Festa do Natal, partilhamos este belo soneto, “Dos Céus à terra desce a mor beleza”, apesar de a sua autoria camoniana não ser consensual.
Diante do presépio, ou seja, do curral ou da manjedoura onde, segundo o “Evangelho de Lucas”, Maria deu à luz, “porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,7), o sujeito poético reflete sobre o acontecimento natalício, defendendo “que Deus desce à terra em pobreza e, ao humanar-se, torna nobre toda a Humanidade.”
Por outras palavras, Deus faz-se homem para que o homem recupere horizontes de grandeza divina, a ponto de poder chamar-se filho de Deus…
Esta ideia é também sublinhada na primeira estrofe de um outro soneto, igualmente de autoria camoniana duvidosa:
“Desce do Céu imenso, Deus benino,
Para encarnar na Virgem soberana.
‘Porque desce divino em cousa humana?’
‘Para subir o humano a ser Divino.’”
A tónica dominante do poema é, no entanto, de âmbito social e tem a ver com o desafio da pobreza, ou melhor, do despojamento.
“O Senhor mais rico” procura voluntariamente a pobreza e troca o Céu pelas “palhas vis” com que se cobre:
“Como Deus em pobreza à terra desce?
O que é mais pobre tanto lhe contenta
Que só rica a pobreza lhe parece.”
Na opinião de especialistas da lírica de Luís de Camões, esta será uma poesia da última fase literária do artista, marcada já “pelo fervor da Contra-Reforma“ e “muito distante da fase petrarquista”.
Em plena quadra festiva, Camões continua a embarcar Engenho e Arte…
Feliz Natal!
A Organização
Mostra de Cursos
Mostra de Cursos
No dia 13 dezembro de 2024, no âmbito da Orientação Escolar e Profissional, o Serviço de Psicologia e Orientação (SPO), em colaboração com a Equipa Inspiring Future, promoveu a Mostra de Cursos Superiores e Cursos Técnicos Superiores Profissionais, na Escola Secundária de Ponte da Barca.
Os alunos do ensino secundário puderam visitar, de forma rotativa, o “Espaço Expositores“, localizado no polivalente, no qual estiveram representadas diversas instituições de ensino superior, o Exército Português e o CENFIM – Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica.
Paralelamente, os alunos que frequentam o 12.º ano de escolaridade (Cursos Científico-Humanísticos e Curso Profissional) tiveram a oportunidade de assistir a palestras e workshops, de acordo com os seus interesses.
Este evento teve como objetivo fomentar o conhecimento sobre os Cursos Superiores e Cursos Técnicos Superiores Profissionais, potenciar o desenvolvimento pessoal dos alunos e apoiar na construção de projetos vocacionais consistentes.
Serviço de Psicologia e Orientação
Torneio de Basquetebol 3x3 na escola
Torneio de Basquetebol 3x3 na escola
O grupo de Ed. Física organizou o torneio de “Basquetebol 3x3” na manhã do dia 13 de dezembro, no pavilhão municipal de Ponte da Barca.
Esta organização permitiu oferecer às 54 equipas num total de 180 alunos participantes uma atividade saudável, lúdico-desportiva de qualidade promovendo a modalidade de Basquetebol junto dos alunos do 5.º ao 12.º ano.
Foi uma manhã plena de competição, tendo-se realizado um total de 116 jogos.
Saíram todos vencedores pois o contributo desta atividade permitiu sensibilizar os alunos para a importância da prática do exercício físico.
Parabéns aos participantes!
Grupo de Ed. Física
A magia do livro e da leitura encantou a Educação Pré-escolar e o 1.º Ciclo
A magia do livro e da leitura
encantou a Educação Pré-escolar e o 1.º Ciclo
A magia do livro e da leitura mobilizou a Educação Pré-escolar e os alunos do 1.º Ciclo do Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca, que participaram numa divertida encenação teatral dinamizada por Mari Popó.
A animação aconteceu ao longo de três dias, nas Escolas Básicas de Crasto, Entre Ambos-os-Rios e Diogo Bernardes, e teve como inspiração as duas obras previamente trabalhadas, numa articulação entre a Biblioteca Escolar e os respetivos Departamentos: “Gilberto, o cão poeta, anima a festa!”, de Gisela Silva, com ilustração de Ireneu Oliveira (EPE e 1.º ano), e “Uma andorinha na minha cabeça”, de Ireneu Oliveira (2.º, 3.º e 4.º anos).
Num registo extremamente dinâmico e interativo, a animadora explorou a riqueza da mensagem humanista das obras, ao mesmo tempo que proporcionou uma magnífica ilustração viva da beleza da linguagem cénica, nomeadamente, as potencialidades da voz – ao nível do ritmo, da entoação, da expressividade –, o poder sugestivo da mímica, do movimento, da animação, e ainda a força comunicativa dos adereços e do cenário.
Em relação aos mais novos, ficou a mensagem de união e de entreajuda, sintetizada na quadra do final do livro:
“E os meninos e as meninas sabem que mais?
A vida é uma poesia que nunca vai acabar,
Se dermos as mãos, como iguais,
Todos unidos poderemos celebrar.”
Quanto à obra “Uma andorinha na minha cabeça”, ofereceu uma magnífica encenação centrada nos valores da educação ambiental e da relação saudável do homem com a natureza, preservando esta casa comum, que é o planeta Terra.
Os encontros com a animadora Mari Popó aconteceram, mais uma vez, no âmbito da parceria que o Agrupamento mantém com as edições Opera Omnia e surgiram na sequência do trabalho articulado das educadoras e docentes titulares com a Biblioteca Escolar, que, na hora do conto, fez para cada uma das salas/ turmas a leitura expressiva da obra, com uma abordagem reflexiva sobre as temáticas subjacentes.
Biblioteca Escolar