Rancho Folclórico do Agrupamento atuou em França
Rancho Folclórico do Agrupamento atuou em França
No dia 23 de junho, o Rancho Folclórico do Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca atuou na festa organizada pela associação “Amigos Unidos de Bois d’Arcy”, na vila com o mesmo nome localizada no Departamento 78, próximo de Paris. O grupo, constituído por cerca de quarenta elementos, partiu da escola na sexta-feira, 21 de junho, tendo regressado na segunda-feira seguinte.
Nesta que foi a sua primeira atuação fora do país, o rancho apresentou o seu reportório perante um vasto público, maioritariamente constituído por emigrantes portugueses instalados em Bois d’Arcy e Concelhos limítrofes. No mesmo evento, atuaram cinco outros ranchos folclóricos de diversas comunidades portuguesas da região.
Por tudo quanto significou esta saída para o rancho, a continuação deste relato será feita na primeira pessoa do plural.
A viagem
Para os nossos jovens menos habituados a deslocações tão longas, muitas horas de autocarro seriam sinónimo de cansaço. Assim pensavam os graúdos, mas, por breves segundos, uma vez que a animação, para lá e para cá, perdurou , contando-se pelos dedos os minutos em que não se ouviu uma concertina e a resposta alegre ao seus minhotos sons. Na viagem de regresso, aquando da paragem em Palência (Espanha) para cozinhar o almoço, deu-se a feliz coincidência de nos cruzarmos com um rancho folclórico de Alpiarça. Não tardou a que uma simples área de serviço se transformasse em palco, onde sons e danças do Minho e do Ribatejo se fundiram, em espontâneo convívio e confraternização que a todos fizeram vibrar.
A chegada a Ponte da Barca aconteceu num cenário de euforia, por entre concertinas, cantares e danças, misturados com emoções, numa amálgama de amizade, união, partilha e orgulho de pertencer ao rancho do tão edificador Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca.
O grupo
Como é nosso apanágio, dentro do grupo, numa bela “salada” de alunos, professores, assistentes operacionais, pais e encarregados de educação, todos partilhamos o lema de dignificar a nossa terra, Ponte da Barca, naquilo que tem de mais genuíno, as tradições folclóricas.
Alguns alunos não tiveram oportunidade acompanhar o grupo, pelos mais variados motivos, desde compromissos familiares, a obrigações com outros ranchos que integram, por exemplo. Não é novidade que muitos dos nossos elementos fazem parte de diversos ranchos do Concelho, o que em nada impede que também sejam nossos, pois tudo é conciliável, desde que se queira. Primeiro está, claro, o rancho da sua terra, ou não fosse a nossa vocação ser viveiro de jovens para o folclore. Ainda dentro dos ausentes, a nossa palavra de compreensão para com os pais de alguns alunos mais novos, que não se sentiram à vontade para deixar os filhos partir em viagem tão longa, e para aqueles que, querendo ir, viram, por lotação de lugares, o seu desejo não concretizado. Para estes, em especial, um pedido de desculpa, com a convicção plena de que são, à semelhança de todos os que estão connosco, uma mais-valia dignificadora do pequeno grande grupo que é o Rancho Folclórico do Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca. Esperemos que, numa próxima oportunidade, tudo se realize mediante as expectativas de todos os que contribuem para a consolidação do grupo, a quem apelamos na perspetiva de um voto de confiança.
Se alguns não puderam ir, outros queriam ir e não foi possível. O quanto gostaríamos de ter meios para levarmos todos quantos desejavam, mas a lotação era limitada. Enfatizamos mais uma vez a necessidade de nos compreenderem.
A chegada a França
No sábado, dia 22, pela hora do almoço, chegamos a Paris. A primeira tarefa foi “entregar” muitos dos nossos elementos em diversos pontos da cidade, onde familiares emigrados os aguardavam, com saudade, emoção e sorrisos. Não cabe nas palavras a comoção alegre destes momentos em que pais e filhos, tios e sobrinhos, primos, irmãos, punham em dia abraços há muito desejados. Habituados que estávamos a ver os pais virem à escola, compartilhamos esta sensação maravilhosa de a escola levar, por um dia que fosse, os filhos aos pais distantes. E qual não foi a nossa admiração ao sabermos que, em alguns casos, o local de proveniência dos familiares distava mais de quinhentos quilómetros do local de encontro! Só sabe o que é a saudade quem realmente a vive…
Chegados a Nanterre, esperava-nos lauto almoço na associação. A nós, que não víamos comida quente há mais de um dia, soube-nos pela vida. Foi a primeira das receções calorosas com que fomos brindados, e pelas quais estamos eternamente gratos.
De Nanterre fomos para o destino final, onde a associação ARCOP nos esperava com sorrisos carinhosos, e num cenário confortável e, incredulamente, de mais comida e bebida! Abençoada hospitalidade a daquelas gentes! O nosso rancho está habituado a ser acarinhado e bem recebido, mas tanto nunca o foi!
Tivemos pernoita em alojamento digno, todas as refeições e mais alguma no dia seguinte, acompanhamento e apoio constantes, encontros com emigrantes conhecidos e animação permanente. Foi festa até à partida de regresso.
A atuação
Pusemos em palco o melhor que conseguimos fazer, dando o nosso melhor para dignificar o nome do nosso rancho, da nossa escola e da nossa terra. Não somos juízes em causa própria, pelo que não podemos dizer se fomos bons ou não. Ainda assim, fosse pela qualidade do que fizemos, por sermos um “cheirinho” de Portugal ou por ambas as coisas, aplausos e elogios não faltaram. Para os pouco mais de dois anos da nossa existência, é muito e reforça sobremaneira o nosso moral e os bons propósitos subjacentes ao nosso rancho.
Agradecimentos
Chegados a este ponto, temos a dizer que todo o espaço disponível para escrever é curto para citar todos quantos nos apoiaram, tirando, em algumas das situações, muito do pouco que tinham. Os nossos fundos são, virtualmente, nulos. Vivemos de quotizações feitas entre os professores do Agrupamento, da venda de alguns produtos com o apoio dos pais dos alunos e de algum dinheiro dado pelas comissões de festas, aquando das atuações. Esta deslocação só foi possível graças ao apoio de muitas pessoas e entidades, esperando não esquecer nenhuma, de tantas que foram, a saber:
- A Câmara Municipal de Ponte da Barca, que, atenta, também, à educação dos jovens para a preservação do nosso património imaterial, valorizando trajes, músicas e tradições que fazem a nossa identidade comunitária, nos cedeu autocarro para a deslocação, uma vez que o nosso rancho, por imperativos legais, não integra o protocolo entre os ranchos do Concelho e a Câmara Municipal, não recebendo, por isso, dela apoio monetário anual;
- A Direção do Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca, que, sempre recetiva às nossas solicitações, expetativas e anseios, dignificadores da comunidade escolar e educativa, em geral, assim pensamos, nos concedeu um sem número de apoios e bens logísticos;
- Os motoristas, Sr. Barros e Sr. Valente, que facultaram trabalho abnegado, profissionalismo e experiência;
- A extensa lista de entidades e pessoas que, de braços abertos, nos acolheram e apoiaram nos seus locais de trabalho: Sebastião Rocha Barbosa Lda; DeSagraf – Artes Gráficas; Linhas e Fontes, Gabinete Engenharia Topografia; Joibarca; Casa Bastos – Pronto-a-Vestir; Catita – Pronto-a-Vestir; Ana Paula Gomes Fernandes – Cabeleireira e Esteticista; JCB – José Carneiro Bouças, F.º & C.ª, Lda.; Auto Pneus; Charle & Pino, Lda.; Restaurante Alto da Prova; Restaurante Varanda do Lima; Salão Néana; Picasso, Café Snack-Bar; Barcahotel; Talho Cruz; Cimarco; Agribarca; Acrópole; Artiagro; Pastelaria Liz; Café Central; Café Snack Bar, Picasso; Pastelaria e padaria Pão Dourado; Padaria Três Irmãos; Notícias da Barca; Café Beco do Jovem; Nova Charle; Pizaria Tio Fredo; Optibarca; Casa dos Arranjos; Lopes e Silva; Dona Luísa Rafael; Padre António Brito e alguns anónimos.
- Todos os alunos participantes, desde os mais miúdos aos mais graúdos, os seus pais e encarregados de educação, o pessoal auxiliar da Escola Básica e Secundária de Ponte da Barca, com uma especial palavra de apreço para as assistentes da cozinha, por tanto trabalho e paciência, os responsáveis pela dinâmica das danças, as assistentes Celeste Barros, Helena Maia e Sameiro…
Chegados aqui, há que dizer a todos que não chegamos a lugar nenhum, pois chegar é o fim e este é apenas o nosso começo. Dois anos e meio, para um rancho, não é nada. Os convites para atuações vão chegando, por cá e em França, as palavras de conforto e incentivo vão aparecendo de todos os lados. Também abeiram as críticas, e são bem vindas, porque com elas é que se aprende.
Em nome dos nossos alunos, da nossa Escola e de todos quantos acreditam em nós, o caminho que nos resta é em frente. Com humildade e a irreverência dos jovens, que são o futuro, de braços erguidos e sorriso na cara, a bem da nossa terra e do nosso folclore.
Bem hajam, todos!
A equipa mentora do projeto