Reviver o passado… preservar a memória!
Reviver o passado… preservar a memória!
A memória é fundamental na criação da identidade cultural de um povo ou região e relembrar o passado contribui para que acontecimentos relevantes não caiam no esquecimento. Por isso, é obrigação da escola e de outras instituições valorizar e preservar a memória da sociedade em que se inserem.
Hoje é difícil imaginar como era Portugal antes do 25 de Abril de 1974. A melhor forma dos alunos compreenderem e valorizarem a importância da educação e da escola na sua formação é, provavelmente, confrontá-los com a escola dos tempos dos seus avós e bisavós. Assim, o Grupo de História da Escola Básica e Secundária de Ponte da Barca, para além de outras iniciativas para comemorar os 40 anos de 25 de Abril, reconstituiu uma sala de aula do período do Estado Novo.
Numa época em que a Lei de Bases do Sistema Educativo defende uma educação democrática e pluralista, promotora da igualdade de oportunidades e liberdade de expressão, orientada por princípios éticos, cívicos e humanistas, a comunidade educativa teve oportunidade de respirar uma atmosfera, que transportava para a educação salazarista que, mais do que proporcionar a formação de cidadãos letrados, pretendia a formação cívica, religiosa, patriótica e moral dos jovens, de acordo com os interesses doutrinários do regime: Deus, Pátria, Família. Quando se entrava na sala de aula, cantava-se o Hino Nacional. Todas as salas de aula tinham obrigatoriamente na parede três símbolos alinhados: uma fotografia de Salazar, outra do Presidente da República e um crucifixo. Na escola incutia-se a ordem, o respeito e a disciplina, e os professores aplicavam com muita frequência castigos corporais severos. A lembrar tudo isto, as carteiras, cadernos e livros das várias disciplinas, lousas, canas, o tinteiro e o aparo, mapas…, e nem faltou uma farda da Mocidade Portuguesa!
Quem visitou a exposição manifestou a sua satisfação. Os mais velhos reviveram o passado, os mais novos surpreenderam-se. Todos construíram memória futura.
Esta atividade multidisciplinar contou com a participação da Câmara Municipal e da Direção do Agrupamento, a cedência de objetos das professoras Sílvia Barbosa e Elisabete Rodrigues e
a colaboração dos professores Emanuel Cruz e José Paulo Rebelo.
Como defende Jacques Le Goff, a memória, onde cresce a história, procura salvar o passado, para servir o presente e o futuro. Quem sabe se esta exposição não será o ponto de partida para um novo projeto… Um “museu” em Ponte da Barca?!
O Grupo de História