“A Cantiga é uma Arma” – “CANTATA DA PAZ”
“A Cantiga é uma Arma” – “CANTATA DA PAZ”
Semana a semana, continuamos a celebrar os 50 anos da Revolução dos Cravos.
Até ao próximo dia 25 de Abril, a rubrica “A Cantiga é uma Arma” divulga, sábado a sábado, um poema, uma canção e histórias associadas que marcaram o ambiente cultural do nosso país, há umas cinco décadas.
São canções de intervenção, que deram vida à consciência coletiva de um povo, a caminho do fim do Estado Novo e a ensaiar os primeiros passos, em liberdade e em democracia.
Na edição desta semana de “A Cantiga é uma Arma”, falamos e ouvimos “Cantata da Paz”, um poema de Sophia de Mello Breyner, com música de Francisco Fernandes, cantada por Francisco Fanhais.
«A 31 de dezembro de 1968, cerca de 150 católicos entraram na igreja de S. Domingos, em Lisboa, e nela permaneceram durante a noite, depois de o papa Paulo VI ter decidido, no mesmo mês, que 1 de janeiro passaria a ser assinalado pela Igreja como Dia Mundial da Paz.»
Nas palavras de Rui Jorge Martins, «A iniciativa contra a guerra colonial, e de oposição ao regime ditatorial de então, foi vigiada pela polícia política, tendo terminado sem incidentes. Sophia de Mello Breyner escreveu propositadamente para essa vigília a "Cantata da Paz", que ficou conhecida pelos primeiros versos, “Vemos, ouvimos e lemos/ Não podemos ignorar”».
«Quatro anos depois, nos últimos dias de 1972, ocorreu na Capela do Rato nova vigília de protesto contra o regime, que acabou com a invasão do templo por parte da polícia. Os participantes foram levados para a esquadra e a maioria foi presa.»
Entre as pessoas detidas pela PIDE, encontravam-se vários funcionários públicos, que foram demitidos das suas funções.
Cantada pelo então padre Francisco Fanhais, a “Cantata da Paz” foi publicada, em 1970, no seu álbum “Canções da Cidade Nova” e, rapidamente, tornou-se num dos temas de intervenção que mais se cantaram em Portugal.
53 anos volvidos, este hino à Paz, à Liberdade, à Cidadania, continua desafiante e inspirador, a merecer sempre uma visita, mais ainda agora, com tanta guerra à nossa volta: “Vemos, ouvimos e lemos/ não podemos ignorar”…
A Organização