A CANTIGA É UMA ARMA – “Somos Livres”
A CANTIGA É UMA ARMA – “Somos Livres”
Na ressaca do 25 de Abril, a atriz Ermelinda Duarte escreveu e interpretou a cantiga “Somos Livres”, na peça “Lisboa 72-74”, em exibição no Teatro Vasco Santana, na altura em funcionamento num edifício situado na Feira Popular.
Depois de a ouvir, Mário Martins, da editora “Valentim de Carvalho”, convidou-a para a editar em disco, e José Cid produziu o single.
Também conhecida como “Uma gaivota voava, voava”, a canção celebra a liberdade conquistada, tendo sido, pelo seu simbolismo, um dos temas mais populares a seguir à queda da ditadura do Estado Novo e ao fim da censura, tornando-se um dos maiores ícones dos anos que se seguiram ao 25 de Abril.
“Somos livres” ficou imortalizada como uma das canções da Revolução dos Cravos, continuando, ao longo dos anos, a ser cantada nas escolas e por toda a parte, tal a simplicidade e a beleza da sua mensagem:
“Uma gaivota voava, voava,
Asas de vento,
Coração de mar.
Como ela, somos livres,
Somos livres de voar.”
Para além de um hino à liberdade acabada de conquistar, a cantiga faz ainda referência ao fim do pesadelo da Guerra Colonial que atormentara uma geração de jovens, entre 1961 e 1974/75:
“Uma criança dizia, dizia
“quando for grande
Não vou combater”.
Como ela, somos livres,
Somos livres de dizer.”
“Somos livres” é também uma canção com o olhar virado para o futuro, sempre com a consciência de que a liberdade é uma conquista inacabada:
“Somos um povo que cerra fileiras,
Parte à conquista
Do pão e da paz.
Somos livres, somos livres,
Não voltaremos atrás.”
Nos 50 anos do 25 de Abril, vamos, então, ouvir – e cantar – “Somos livres”, com Ermelinda Duarte…
A Organização