O Velho que Lia Romances de Amor (Luís Sepúlveda)

Este é um daqueles livros em que nos sentimos quase como a entrar na cena… quase sentimos o calor húmido e opressivo da atmosfera da floresta, cuja humidade se cola à pele, o desconforto nos pés a enterrarem-se na lama, a violência das águas dos aguaceiros na floresta tropical, o canto dos pássaros, os guinchos dos micos (pequenos macacos que viviam no topo das árvores e que se fascinavam com os adereços que os turistas transportavam), o sabor exótico dos frutos da floresta… sensações únicas que nos dão a possibilidade de imaginar a cena com enorme rigor…

António José Bolívar Proaño é a personagem principal. Idoso de idade indeterminada, vive em perfeita simbiose com a natureza amazónica cuja capacidade de sobrevivência na floresta se deve à tribo dos shuar, povo da floresta profundo conhecedor da amazónia.

Num outro extremo oposto encontramos o “Babosa”, alcunha dada a um indivíduo que representa a ignorância do homem branco que, ao desconhecer totalmente o ambiente da floresta, comete todo o tipo de imprudências e gafes de maneira a fazer a floresta voltar-se contra si próprio, revelando uma total incapacidade de adaptação.

É o choque entre estes dois opostos que nos leva a pensar mais a sério sobre aquilo que a espécie humana faz a cada dia que passa ao património natural mundial e este foi o principal factor que me levou a gostar de ter lido o livro, assim como outras coisas como a criatividade de Luís Sepúlveda demonstrou a criar as personagens e a própria história.

Livro de denúncia e protesto acerca de um homem que só nos romances de amor encontra o refúgio face à ignorância e estupidez da espécie humana.

Telma Afonso, 10ºB

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