Os Filhos da Droga (Vera Christiane Felscherinow)
Terminada a leitura deste livro não fiquei com aquela impressão de que “foi um grande livro”, mas também não foi certamente, apenas mais um livro…Na verdade, melhor que um grande livro é uma grande história que nos ensine a viver.
Foi um livro distinto, não só pela possibilidade cognitiva que me forneceu acerca do mundo da droga, mas também pelo facto de relatar uma história verídica.
“Os Filhos da Droga” leva-nos a viajar pelo mundo da droga, pelo seu verdadeiro íntimo…
Com uma abundante descrição, somos convidados a entrar neste mundo, observando-o bem de perto. E podemos assim viver uma história de uma vida que caiu no colapso, numa total destruição.
Este livro mostra-nos que, em momentos de fraqueza, todos nós somos levados pelo “caminho” mais fácil. Qualquer pessoa poderá ser a Christiane, não é apenas uma questão de não querer, é antes uma questão de lutar, de caminharmos hoje pelo amanhã. Christiane esqueceu-se que qualquer momento é decisivo do futuro e para ela foi preciso um único instante para que a sua vida lhe fosse roubada.
Trata-se de um livro que fala da penetração das drogas nas discotecas, nos lares juvenis, nas escolas, na prostituição juvenil, na miséria em determinados meios sociais, do quanto estamos nós, jovens, vulneráveis a este mundo, mas também, e acima de tudo, porque este livro é uma lição de vida para todos nós e diz-nos:” somos nós que fazemos o futuro, ele não nasce, ele constrói-se ou destrói-se e esta é a nossa escolha, é aquilo que nos torna distintos e por isso seres únicos”.
Vera Christiane Felscherinow é a personagem com mais realce para mim nesta história dramática. Christiane, uma menina com seis anos, viveu com seus pais numa aldeia alemã. Devido a múltiplas circunstâncias Christiane e a sua família deslocaram-se para Berlim onde esta personagem ficou sujeita a grandes mudanças na sua vida. Os seus pais divorciaram-se e Christiane ficou com sua mãe.
Aos poucos e poucos, a tristeza apoderou-se da vida desta pobre criança. Aos poucos e poucos, Christiane, na sua inocência, foi conhecendo pessoas erradas e, acima de tudo, foi confinado nelas até que a sua curiosidade arrasta-a para o mundo sombrio e infeliz da droga, do qual vai estar a partir de agora dependente. Começou por consumir “drogas leves”, tal como: Haxixe e LSD, passando depois para a heroína. Com treze anos, e juntamente com o seu namorado de dezassete anos, viu-se obrigada a prostituir-se e a roubar como método de sustento do vício. Conseguir dinheiro para as doses diárias de droga foi o grande propósito de sua vida. Mais tarde foi presa, e fez várias tentativas de recuperação sob a obrigação da sua mãe.
É esta a vida a que a nossa protagonista se submeteu, uma vida insignificante dominada pela dor da dependência, da vontade inútil de largar um vício que foi além da sua capacidade de dizer: “Não”.
Por todas as tentativas falhadas da personagem, em nome do sofrimento vivido por ela, eu admiro-a e não a culpo, porque no fundo todos nós temos as nossas imperfeições, mas poucos são aqueles que sofrem com elas…Ela sofreu e isso é uma dádiva!
Cristina Carones 10º B