As aventuras de Huckleberry Finn (Mark Twain)
Em primeiro lugar, acho importante referir que gostei muito de ler esta obra, na medida em que é uma das aventuras mais surreais que alguma vez li! E não digo surreal por ser ficção científica ou algo do género, mas, sim, porque são raras as vezes em que algum autor consegue numa única obra uma combinação de momentos de comédia, mistério e pura adrenalina e, ao mesmo tempo, instantes em que nos mostra que as personagens vão muito além de simples figuras de um livro de aventuras. Algumas delas são sensíveis…, profundas…, humanas; outras são maldosas…, gananciosas e desumanas. Mas, afinal, o mundo em que vivemos é assim mesmo, ou será que estou errada? Existem pessoas com bons corações que procuram fazer o bem, muitas acreditando que assim um dia terão um lugar assegurado nem sítio melhor (como a viúva Douglas ou a Miss Watson); outras são elas próprias, são espontâneas (como o Huck) e não se preocupam muito com esse assunto; algumas, porém, não vêem a felicidade na alegria dos outros e não se preocupam com ninguém para além delas próprias (este é o caso do suposto rei ou do suposto duque, que não pensaram duas vezes quando tiveram a oportunidade de vender o escravo Jim por 40 dólares).
Deste modo, penso que As aventuras de Huckleberry Finn retratam o mundo real, mas de uma forma extremamente entusiasmante, uma vez que, à medida que vamos lendo a obra, contactamos com personagens muito engraçadas e para mim a melhor de todas (não esquecendo Huck e a sua simplicidade, nem Jim ou a sua bondade), a mais peculiar é mesmo Tom Sawyer! Ele é inteligente, esperto, astuto, caprichoso e, por incrível que pareça, escolhe sempre o caminho mais difícil, porque só assim se constroem os verdadeiros desafios e aventuras!
Quando procuramos um livro, pensamos sempre em algo que nos proporcione bons momentos, mas também que nos ensine, que nos faça reflectir. Esta obra fala-nos de um bem muito precioso: a liberdade. Na minha opinião, nós, adolescentes do século XXI, perdemos a noção de como foi difícil conquistar esse direito e de que fora deste país ainda há pessoas a lutar por ele, pessoas que são tratadas todos os dias como sendo propriedade de alguém. Chegamos ao cúmulo de dizer que não temos liberdade porque os nossos pais não nos deixam sair à noite! Então e aqueles negros como Jim que viviam toda a vida a servir os brancos e que quando tentavam fugir para poderem ser donos se si próprios eram apanhados, maltratados e humilhados?! Podemos consolar-nos, pensando como Huck: “a culpa não é nossa, tem tudo a ver com a maneira como fomos criados”. Mas não podemos, de maneira alguma, fechar os olhos a esta realidade.
Esta obra faz-nos ver a sorte que temos!
Inês Araújo, 10.ºB